Amigo, se cultivas um princípio religioso, sabes que a morte não é o fim.
O Espírito imortal, com os potenciais de inteligência e sentimento que lhe
definem a individualidade, simplesmente deixa o cárcere de carne,
qual borboleta livre do casulo, rumo à amplidão.
Raros, entretanto, estão preparados para a grandiosa jornada.
Raros exercitam asas de virtude e desprendimento.
Natural, portanto, que o “morto” experimente dificuldades no
desligamento
do corpo inerte e na adaptação à realidade espiritual.
Isso ocorre principalmente quando não conta com a cooperação daqueles
que permanecem no velório, ao arrastar das horas que precedem o sepultamento.
O burburinho das conversas vazias e dos comentários menos edificantes,
bem como os desvarios da inconformação e o desequilíbrio da emoção,
repercutem em sua consciência, impondo-lhe penosas impressões.
Se é alguém muito querido ao teu coração, considera que ele precisa de
tua coragem e de tua confiança em Deus. Se não aceitas a separação,
questionando os desígnios divinos, teu desespero o atinge, inclemente,
qual devastador vendaval de angústias.
Se é o amigo que admiras, por quem nutres especial consideração,
rende-lhe a homenagem do silêncio, respeitando a solene transição
que lhe define novos rumos.
Se a tua presença inspira-se em deveres de solidariedade, oferece-lhe,
na intimidade do coração, a caridade da prece singela e espontânea,
sustentando-lhe o ânimo.
Lembra-te de que um dia também estarás de pés juntos, estendido na urna mortuária.
Ainda preso às impressões da vida física, desejarás, ardentemente,
que te respeitem a memória e não conturbem teu desligamento, amparando-te
com os valores da serenidade e da oração, a fim de que atravesses
com segurança os umbrais da Vida Espiritual.
Livro “Quem Tem Medo da Morte”
Richard Simonetti
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